Breve panorama da sustentabilidade na pecuária

Atualmente, ser sustentável é uma preocupação constante dos produtores e consumidores, sempre interessados em alimentos mais saudáveis, seguros e, principalmente, que agridam pouco o meio ambiente, garantindo o bem estar animal e o justo tratamento de todos os envolvidos no setor agropecuário de nosso país.

 

Nesse sentido, novas  tecnologias têm sido criadas e implementadas constantemente para ampliar as margens de lucro e maximizar a produtividade em grandes e pequenos negócios. Além disso, conhecimentos e conceitos sustentáveis mais antigos também são vitais para atingirmos objetivos mais ousados no campo da pecuária verde.

 

Crescer para dentro, sem demandar novas áreas, melhorar a fertilidade do solo, a qualidade da forragem e a genética do seu gado, além de agregar mais árvores dentro das pastagens. Essas práticas, sem dúvida, poderão resultar no dobro ou no triplo de produtividade que se teria sem esses processos e ainda reduzirão (e muito!) as emissões de gases de efeito estufa (GEE), considerado o maior desafio para tornar a pecuária brasileira mais ambientalmente precisa.

 

Dito isso, para diversos sistemas (em especial o de em confinamento), aumentar a eficiência da criação extensiva com a melhoria da qualidade das pastagens é a alternativa mais imediata. Com pastagens de melhor qualidade e animais mais produtivos, é possível adensar o número de cabeças por unidade de área, criar mais gado em menos espaço, abatendo-os mais cedo e, consequentemente, reduzir os GEE em quase 10%. 

 

Este pacote de boas práticas, sendo bem gerido por pessoas técnicas e especialistas no assunto, resulta no que hoje se conhece como agricultura de precisão. Soma-se a isso as cinco práticas da pecuária sustentável a seguir e teremos um norte para a bovinocultura de corte brasileira nos próximos anos:

 

1) MUDANÇA NA DIETA DOS ANIMAIS

A dieta dos animais é o primeiro fator diretamente ligado à emissão de gases nocivos ao meio ambiente. Incluir aditivos na dieta bovina, que melhorem a digestibilidade do alimento e reduzam o tempo do abate, uma vez que os animais podem chegar ao peso ideal mais cedo (por meio de dietas de alto concentrado, ricas em grãos e produtos não fibrosos), é um passo primordial para o pecuarista que deseja melhorar sua produtividade e, de quebra, ser mais sustentável.

 

2) TECNOLOGIA

Uso de inovações e sistemas de produção mais eficientes também impactam diretamente a emissão de GEE. A intensificação, a integração lavoura-pecuária e,  acima de tudo, a integração lavoura-pecuária-floresta otimizam o uso da terra e colaboraram enormemente para ambientes mais sadios e sustentáveis.

 

3) MANEJO DE PASTAGENS

Segundo pesquisa da Embrapa, um pasto bem manejado sequestra o carbono da atmosfera bem como o retém no solo. Assim, o correto planejamento de pastagens também deve ser realizado, com muita atenção, pelo produtor que cogita fazer esse movimento e acompanhar as demandas contemporâneas de mercado.

 

4) MELHORAMENTO GENÉTICO

Ainda segundo a mesma pesquisa da Embrapa, o melhoramento genético e a seleção de animais com maior desempenho acaba por ir no mesmo caminho, já que com o aumento do desempenho dos indivíduos, a porção de gás emitida tende a ser até 35% menor, não só porque o rebanho produzirá mais com o mesmo gasto calórico, como também devido ao menor tempo de engorda dos animais.

 

5) O FATOR ÁGUA

Por fim, mas não menos importante, temos o quesito água. Os volumes aqui necessários dependem de múltiplos fatores como condições climáticas, desempenho individual e produtividade da cultura agrícola utilizada. Ainda assim, no estudo a que tivemos acesso, observou-se que com o aumento da produtividade houve também a redução de 19,4% no volume de água necessário para se produzir a mesma quantidade de carne. Aqui, é claro que a dieta dos animais também influencia e, por isso, a correta nutrição dos animais deve ser objetivo constante na cabeça do produtor e de todo administrador pecuarista.

 

Considerando, assim, os movimentos mercadológicos no campo, a preocupação crescente com produtos não-sustentáveis fora dele e as boas práticas agrícolas, podemos afirmar que caminhamos a passos largos rumo a uma pecuária mais verde e ambientalmente positiva nos próximos anos, com um esforço significativo de associações, cooperativas, pesquisadores, fazendeiros e organizações públicas e privadas nesse mesmo sentido. Claro que sempre há espaço para melhora, mas acreditamos que o essencial já vem sendo realizado pelo homem do campo e é dele, portanto, todo o mérito e toda a glória por fazer da nossa pecuária melhor e melhor, dia após dia.